MPRJ faz buscas na Prefeitura de Paulo de Frontin contra direcionamento de licitações

MPRJ cumpre mandados de busca e apreensão contra a Prefeitura de Engenheiro Paulo de Frontin Reprodução O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) inici...

MPRJ faz buscas na Prefeitura de Paulo de Frontin contra direcionamento de licitações
MPRJ faz buscas na Prefeitura de Paulo de Frontin contra direcionamento de licitações (Foto: Reprodução)

MPRJ cumpre mandados de busca e apreensão contra a Prefeitura de Engenheiro Paulo de Frontin Reprodução O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) iniciou nesta sexta-feira (5) a 8ª fase da Operação Rodeio, que investiga fraudes em licitações. Desta vez, promotores cumpriram mandados de busca e apreensão contra a Prefeitura de Engenheiro Paulo de Frontin, no Centro-Sul Fluminense — a sede do Executivo é um dos endereços. Até a última atualização desta reportagem, a prefeitura não tinha se manifestado. A ação ocorre após o município não entregar documentos exigidos pelo MP em uma investigação sobre direcionamento de pregões. O RJ2 mostrou o caso em junho. Relembre: Áudios revelam direcionamento de licitações em Paulo de Frontin Recusa de informações Segundo decisão do Tribunal de Justiça, à qual o g1 teve acesso, o MPRJ tenta desde 13 de fevereiro obter a íntegra do Processo Administrativo 3.325/2021, ligado ao Pregão 1/22, que contratou a empresa Utilicar Rent a Car para locação de ônibus — procedimento suspeito de ter sido direcionado. A prefeitura não respondeu às requisições, mesmo após recebê-las pessoalmente. De acordo com o documento judicial, a recusa da prefeitura em entregar as informações pode comprometer provas da investigação e até permitir sua destruição. O desembargador Luiz Márcio Victor Alves Pereira autorizou a busca e apreensão dentro da sede principal e anexos do município, com permissão inclusive para arrombamento de cofres, armários e gavetas. A Justiça também cita que o prefeito José Emmanoel Artemenko, o Maneko, já foi denunciado em outros procedimentos envolvendo supostas fraudes, inclusive com a própria Utilicar — o que reforçaria a necessidade de apreender todo o processo administrativo, seus aditivos e os pagamentos feitos à contratada. Entenda a investigação O caso ganhou força após o MPRJ ter acesso a mensagens de WhatsApp que mostram o então subsecretário de Transportes Daniel Caldas combinando com o empresário Arthur Jager, dono da Utilicar, o resultado de licitações no município. Em uma das conversas, Daniel escreve: “Na licitação, eu quero que você ganhe.” Jager responde: “Quero tudo 😈”. Outros trechos mostram que “se esconder”, expressão usada por Jager, significava simular cotação apenas com empresas parceiras, manipulando preços para direcionar o resultado. O empresário chega a apontar exatamente quais e-mails a prefeitura deveria usar para pedir as cotações. O MP identificou vínculos societários e familiares entre essas empresas. Em outra troca, ao combinar o modelo de um ônibus que seria objeto da concorrência, o subsecretário diz: “Coloquei 2006 pra não ficar nítido o direcionamento.” Jager reage com emojis de aplauso. Há também deboche com uma empresa que venceu alguns itens, mas nunca recebeu pagamento: “O rapaz da empresa já tá me cobrando quando vai pedir os carros.” “Eu não vou contratar esses carros não”, responde Daniel, rindo. Quem foi denunciado O MPRJ já denunciou 11 pessoas, entre elas: Arthur Jager, empresário; Daniel Caldas, subsecretário de Transportes; Nikolai Artemenko, procurador-geral do município; Rafaella Couto Ramos, subsecretária de Planejamento e Orçamento; José Emmanoel Artemenko, prefeito de Paulo de Frontin. O órgão afirma que o prefeito orientava e decidia o direcionamento de diversas contratações, com intenção de gerar benefícios financeiros e desviar recursos públicos. Maneko também já teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral em outro caso, por um esquema de funcionários fantasmas usados para captar votos. Ele segue no cargo enquanto recorre. Operação Rodeio chega à fase 8; prefeitura ignorou pedidos do Ministério Público para entregar processo de contratação da empresa Utilicar. O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) iniciou nesta sexta-feira (5) a 8ª fase da Operação Rodeio, que investiga fraudes em licitações. Desta vez, promotores cumpriram mandados de busca e apreensão contra a Prefeitura de Engenheiro Paulo de Frontin, no Centro-Sul Fluminense. A ação ocorre após o município não entregar documentos exigidos pelo MP em uma investigação sobre direcionamento de pregões. O RJ2 mostrou o caso em junho. Segundo decisão do Tribunal de Justiça, à qual o g1 teve acesso, o MPRJ tenta desde 13 de fevereiro obter a íntegra do Processo Administrativo 3.325/2021, ligado ao Pregão 01/2022, que contratou a empresa Utilicar Rent a Car para locação de ônibus — procedimento suspeito de ter sido direcionado. A prefeitura não respondeu às requisições, mesmo após recebê-las pessoalmente. De acordo com o documento judicial, a recusa da prefeitura em entregar as informações pode comprometer provas da investigação e até permitir sua destruição. O desembargador Luiz Márcio Victor Alves Pereira autorizou a busca e apreensão dentro da sede principal e anexos do município, com permissão inclusive para arrombamento de cofres, armários e gavetas. A Justiça também cita que o prefeito José Emmanoel Artemenko, o Maneko, já foi denunciado em outros procedimentos envolvendo supostas fraudes, inclusive com a própria Utilicar — o que reforçaria a necessidade de apreender todo o processo administrativo, seus aditivos e os pagamentos feitos à contratada. Entenda a investigação O caso ganhou força após o MPRJ ter acesso a mensagens de WhatsApp que mostram o então subsecretário de Transportes Daniel Caldas combinando com o empresário Arthur Jager, dono da Utilicar, o resultado de licitações no município. Em uma das conversas, Daniel escreve: “Na licitação, eu quero que você ganhe.” Jager responde: “Quero tudo 😈”. Outros trechos mostram que “se esconder”, expressão usada por Jager, significava simular cotação apenas com empresas parceiras, manipulando preços para direcionar o resultado. O empresário chega a apontar exatamente quais e-mails a prefeitura deveria usar para pedir as cotações. O MP identificou vínculos societários e familiares entre essas empresas. Em outra troca, ao combinar o modelo de um ônibus que seria objeto da concorrência, o subsecretário diz: “Coloquei 2006 pra não ficar nítido o direcionamento.” Jager reage com emojis de aplauso. Há também deboche com uma empresa que venceu alguns itens, mas nunca recebeu pagamento: “O rapaz da empresa já tá me cobrando quando vai pedir os carros.” “Eu não vou contratar esses carros não”, responde Daniel, rindo. Quem foi denunciado O MPRJ já denunciou 11 pessoas, entre elas: Arthur Jager, empresário; Daniel Caldas, subsecretário de Transportes; Nikolai Artemenko, procurador-geral do município; Rafaella Couto Ramos, subsecretária de Planejamento e Orçamento; José Emmanoel Artemenko, prefeito de Paulo de Frontin. O órgão afirma que o prefeito orientava e decidia o direcionamento de diversas contratações, com intenção de gerar benefícios financeiros e desviar recursos públicos. Maneko também já teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral em outro caso, por um esquema de funcionários fantasmas usados para captar votos. Ele segue no cargo enquanto recorre.